Perfil: William Zeytounlian

Fissurado em Arte, História e Esgrima

William Zeytounlian, primeiro esgrimista no ranking do sabre no Brasil,
é também um intelectual apaixonado por História.

William Zeytounlian de Moraes, 23 anos, faz parte da seleção brasileira de sabre da esgrima e ganhou uma medalha de bronze inédita por equipes no Pan-Americano de 2011. Descendente de armênios, nasceu em São Paulo e mora com a mãe, a irmã e a avó. É formado em História e irá fazer Mestrado em História da França no próximo ano.

"Fui uma criança de apartamento. Gostava de dinossauro, música clássica e andava de skate", conta William, que jogava basquete e pretendia ser jogador já que tem 1,88m e 82kg. Mas por influência de seu irmão mais velho, começou na esgrima com 15 anos.

É o primeiro esgrimista no ranking do sabre no Brasil, sendo vice-campeão brasileiro em 2007, terceiro colocado no Campeonato Brasileiro em 2010 e medalha de bronze por equipe nos Jogos Pan-Americanos em 2011. "Sinto que é a concretização de todo o meu esforço", conta. 

São quatro horas diárias dedicadas ao esporte e, dependendo do período do ano, esse horário aumenta. O esgrimista já treinou em Nova Iorque, Roma e Paris. "Gostei muito dessas viagens de treinamento porque entrei em contato com a cultura local. Você aprende a escola do país, a mentalidade deles e a forma como eles jogam", diz. 

Durante as viagens mantém contato com sua família por e-mail e eles acompanham as competições pelo site Esgrima Brasil.

A EQUIPE

A seleção brasileira masculina de sabre é composta por William Zeytounlian, Tywilliam Guzenski e Renzo Agresta e é patrocinada pela Petrobrás. Os atletas têm o apoio do governo federal com o Bolsa Atleta.

A equipe venceu a Venezuela, considerada a melhor equipe da América do Sul, e conquistou o bronze no Pan de Guadalajara 2011 em uma disputa acirrada. Foi o primeiro resultado de medalha por equipe do sabre masculino brasileiro, que agora está entre as melhores equipes da América. Sobre sua participação, William comenta: "Participar do Pan foi uma experiência única”, afirma salientando que sentiu-se privilegiado por estar entre os maiores atletas da América. 

William e Tywilliam já foram confundidos como irmãos em alguns sites, mas isso não estraga o relacionamento entre eles. Como conta Tywilliam Guzenski: “Muitos dizem que há certa semelhança entre nós dois. Nossa relação é muito boa, pois nos conhecemos há muitos anos e sempre participamos de competições juntos. Dizemos que nosso resultado nos Jogos Pan-Americanos foi graças à união da nossa equipe”. 

William comenta que são comuns as brincadeiras entre eles. "Chamamos o Tywilliam de Taiwilliam e passamos a mão na cabeça dele, chamando-o de bonitinho e pequenininho porque ele é o mais baixo de nós três", diverte-se. 

FAMÍLIA E HISTÓRIA

Por trás deste esgrimista dedicado, há o lado nerd do rapaz, que nutre uma paixão por literatura antiga e teatro e cinema. "Desde criança eu era fissurado pelo passado e gosto de arte no todo porque fui criado num ambiente de arte", explica.

E essa paixão não mudou. No próximo ano, William começará Mestrado em História da França no séc. XVII. "É uma série de processos históricos que eu tenho interesse em especial. Foi um século importante, principalmente para o processo de civilização. A Europa ocidental e a França chegam num determinado momento da História que criam muitas formas de conduta de comportamento social e formas de domesticar o ser humano", conta. 

O esgrimista também mantém um blog em que escreve sobre arte, poesia e política, chamado I Beg Your Pardon. No conteúdo se podem ler principalmente citações de seus autores prediletos como Charles Baudelaire, Samuel Beckett e Marcel Proust. 

O que pode explicar esse amor pelo passado é a história da família de William, descendente de armênios sobreviventes do genocídio de 1915. Sua avó nasceu na Turquia, em Adana, como os armênios estavam sendo massacrados na época, ela e a família subornaram alguns guardas e foram para o Líbano, onde ela viveu até os 10 anos. Depois vieram para o Brasil onde a avó dele casou com um armênio.  

"Com certeza a história da minha família trouxe esse amor. Eu cresci com histórias muito fortes. Cresci sentado do lado da minha avó, hoje com 91 anos. Ela sempre foi uma pessoa cheia de história e de memória. E é muito importante para os armênios rememorar o dia do massacre", enfatiza.  

Sobre o futuro, William planeja seguir nas duas áreas que ama. Apesar de adorar História, confessa que precisa da esgrima. "Gosto da ideia de lecionar História para universitários e manter o campo de conhecimento que eu amo, mas quero manter também a esgrima que é o meu trabalho, minha grande fonte de renda. Vai ser difícil de conciliar, mas eu gosto desse ritmo".

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